Engana-se quem desconsidera a cultura brasileira ao negociar com brasileiro. Longe de criticar, nosso jogo de cintura é essencial para o desenvolvimento de boas relações negociais. Afinal, antes de tratar de negócios, vamos tomar um cafezinho?
No desenvolvimento de negociações e na ansiedade de fechar contrato a qualquer custo, muitas vezes nos deparamos com uma transação mal feita, mal-acabada, sem polimento. Isto pois, também não é do nosso feitio desagradar com questões desconfortáveis e burocráticas quando se quer assinar um contrato. Mas qual o real custo disso?
O que se percebe como consequência desta flexibilidade brasileira é a falta de preocupação na redação dos contratos. Muitas vezes acorda-se trocas empresariais com meia dúzia de e-mails apressados, tratando o contrato escrito como peça figurativa, somente para dizer que houve um entendimento entre duas partes, o qual rotineiramente é mal descrito.
Os contratos “elaborados” pelo Dr. Google acabam contendo cláusulas contraditórias, que geram mais confusão do que orientações e estimulam o aumento dos processos judiciais – gerando grandes prejuízos para as partes envolvidas. Afinal, uma vez que o contrato é para ser a vestimenta da transação econômica, baixar o “modelo de contrato” no Google é o equivalente ao comprar um vestido de noiva no AliExpress. Você correria esse risco?
E aí critica-se o juiz, o advogado, a justiça, pois nenhum foi capaz de milagrosamente resolver questões que não existiriam caso o contrato tivesse sido elaborado de maneira profissional, estudado por um especialista experiente.
Talvez se morássemos no Japão, onde um aperto de mão significa a vinculação do indivíduo à obrigação, poderíamos dispensar o uso de papéis. Porém, na nossa realidade, o risco de assinar um contrato sem um olhar técnico, geralmente significa perder tempo e dinheiro no aguardo do judiciário.
Um bom contrato irá prever todos os problemas que poderão acontecer e as respectivas soluções. Bons especialistas no “pessimismo negocial” irão auxiliar as partes para uma relação transparente, traçando caminhos a serem seguidos para cada tipo de situação possível. Isto resulta no bom desempenho do contratado, trazendo segurança jurídica para todos os envolvidos.
Então, que tal sair da informalidade? Encarar os contratos da sua empresa de uma forma mais séria e profissional? Afinal, ninguém quer pagar o pato do barato que saiu caro.
Autora: Iria Guedes
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